Se há algo de que tinha realmente saudades dos tempos de andar de autocarro, eram as famosas conversas a que temos acesso quando nos esquecemos dos phones em casa.
Tendo em conta que agora tenho a oportunidade de andar várias vezes de autocarro, bons momentos estão sempre a acontecer, desde ter senhoras empoleiradas no meu banco para ouvir a conversa que estou a ter com a minha colega, a pessoas que se atrasam para apanhar o autocarro e começam a correr na rua e acabam a mandar o motorista para um sítio que nós sabemos e depois claro, as discussões ao telemóvel, que para mim, é o melhor.
Esta semana deparei-me com um grande chato no autocarro, um daqueles matulões que entra com uma música irritante e bem alta a tocar no telémovel e que não tem a capacidade de perceber que incomoda as outras pessoas e vai toda a viagem com aquela porcaria ligada. Mentira, toda a viagem não, porque a música pára quando o telemóvel toca e é aí que começa a parte engraçada da história.
Ora então cá vai. O rapagão, ainda na fila para entrar para o autocarro cumprimentou um outro que lhe pergunta se ele já está a trabalhar, ao que ele responde qualquer coisa como "olha trabalho ainda nada". Entramos no autocarro, e ele lá mete a música no telemóvel. Não tivesse ele o ar de mau que tinha e eu tinha-lhe pedido para desligar aquela porcaria que me estava a incomodar a mim e a toda a gente que ia no autocarro. Passado um bocado o telemóvel toca, e como era de esperar vindo de um corpanzil daqueles, a voz também era grossa e bem alta, o que permite que toda a gente possa ouvir uma conversa interessante como aquelas:
Matulão: Olha vou aí ter contigo agora, estás pronta?
(...)
Matulão: Não estás? Quer dizer, saí eu do meu trabalho de propósito para estar contigo e tu fazes-me estas merdas!!
(...)
Matulão: É, sou sempre eu. Eu faço sempre tudo e também sou sempre o culpado de tudo. És sempre a mesma merda tu. Queres queres, não queres não queres não queres.
O matulão que entretanto saiu, tinha umas calças lindas, com a cintura a chegar aos joelhos e uns boxers vermelhos ainda mais bonitos e com um grande boneco no rabo! Que relação tão interessante que deve ser aquela e cheia de amor que se tratam tão bem ao telefone e a outra pessoa nem sabe que o raio do rapaz está desempregado e ainda acredita que alguém sai de propósito do trabalho para ir namorar.